Muito antes das aulas remotas, a utilização de recursos virtuais para interação e atividades entre estudantes e professores já era uma realidade na Escola de Educação Básica Educar-se, de Santa Cruz do Sul/RS. Em 2020 a utilização do Classroom, por exemplo, completa três anos na instituição, amparado pelo trabalho da coordenação pedagógica.

A migração ocorreu há três anos. A Educar-se foi um dos primeiros setores na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) que aceitou viver a experiência, no fim de 2017. A ideia de utilizá-lo, por sua vez, surgiu via Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), mantenedora da Escola.

Na época, a Unisc adotou a G-Suíte como ferramentas de organização de e-mails e aplicações relacionadas aos usos acadêmicos/pedagógicos. Naquele ano, a equipe contou com o amparo do coordenador Leandro Fava e de colegas do Setor de Informática da universidade.

Confira, a seguir, mais informações sobre o assunto, compartilhadas pela coordenadora pedagógica – Anos Finais e Ensino Médio – da Educar-se, Geovane Puntel e pela coordenadora de projetos, Márcia Murillo.

Antes mesmo das aulas à distância, durante o período de quarentena, como essa ferramenta era trabalhada pela equipe da Educar-se?

As ferramentas eram utilizadas como apoio à sala física, presencial. Mas, agora, é o nosso espaço oficial. Utilizamos, além da sala virtual (Classroom) todas as possibilidades da plataforma G-Suite que podem ampliar as experiências dos estudantes ao longo da jornada escolar (e-mail; Google docs; agenda virtual, integrada à sala de aula; Google Sites; Google Planilhas, Google Drive).

Todos os estudantes a utilizam?

Até o momento, a plataforma é explorada, na totalidade, a partir do 5º ano. A próxima fase de implantação será no pós-pandemia, na qual a Educar-se colocará a bordo outras turmas, gradativamente.

Hoje eles já utilizam ferramentas da plataforma, mas não de forma ampla como os demais.  A organização, para os menores, ocorre via Drive, no qual os professores disponibilizam atividades, links, cartas, comunicados, entre outros materiais.

Além disso, as turmas exploram cadernos virtuais (arquivos compartilhados na nuvem Google), os quais proporcionam interação constante, em tempo real; e blogs produzidos especialmente para cada grupo, recheados de dinamicidade, interatividade e, principalmente, de estratégias pedagógicas.

Quais são seus principais diferenciais?

As ferramentas são as oferecidas pela plataforma G-Suite, normalmente com salas de aula virtuais utilizadas por componentes curriculares, ou seja, cada professor com a sua, separada.

Na Educar-se, no entanto, as salas são organizadas por turma. Essa organização requer maior envolvimento da parte organizacional da sala, principalmente por visar o uso coletivo do espaço virtual.

É na sala que professores enxergam outras propostas realizadas por seus colegas, o que também inspira novas práticas. Ao mesmo tempo, os educadores podem realizar atividades conectados entre áreas e componentes curriculares.

Isso tudo oportuniza uma experiência ampla aos estudantes, dialogando com o que a Educar-se prima em seu cotidiano: conexões e aproximação entre estudos e pesquisas.

Esta foi uma uma premissa sempre defendida pelos professores: que a sala virtual tivesse a “cara” da proposta da Escola. Por isso a importância de um grupo coeso, envolvido e engajado na efetivação deste recurso.

Já dizia Edgar Morin: “a educação deve romper com essas fragmentações para mostrar as correlações entre os saberes, a complexidade da vida e os problemas que hoje existem. Caso contrário, será sempre ineficiente e insuficiente para os cidadãos do futuro. O parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem a compreensão da complexidade da totalidade”.

De que forma a Educar-se acredita que essa medida tenha beneficiado os estudantes e professores ao longo dos anos?

Termos migrado no ano de 2017 foi providencial para a Escola e seus estudantes. A quarentena fez com que colocássemos todos os professores engajados e atentos às novas formas de encontro entre educadores e educandos.

Ter a sala como apoio já era muito importante. Possibilitava essa conexão com os professores para além do encontro presencial na sala de aula. Mas tudo isso sempre acreditando na ampliação dos estudos, para além do que era apenas trabalhado na sala, no encontro presencial.

Os estudantes, por sua vez, ao utilizarem as ferramentas de uso compartilhado, aprendem a interagir com colegas e professores, além de aprenderem formas de explorar as habilidades que essas tecnologias apresentam a todos nós.

Imagem de arquivo

Em época de aulas à distância, houve alguma mudança?

Sim! Alguns professores precisaram repensar a produção de suas aulas e materiais variados. Formamos grupos de apoio a colegas que sentiam mais necessidade de apoio técnico e pedagógico. Também promovemos reuniões específicas sobre questões que dificultavam as aulas.

Qualificamos as experiências nos ambientes virtuais adotando práticas variadas, geralmente metodologias ativas e recursos afins. Professores receberam amplo apoio, sempre que necessário, para darem conta das questões tecnológicas e de conexão com famílias e estudantes. Também nos encontros virtuais utilizamos outro recurso da plataforma G-Suite: o Google Meet. Iniciamos este uso a partir da segunda semana de afastamento.

Como deverá ser a continuidade de sua utilização?

São muitos os desafios que este período nos apresenta, dentre eles a manutenção dos estudantes engajados com suas aprendizagens, além da formação uma rede de cooperação e de trocas entre o grupo de profissionais da Escola, na busca por compartilhamento de novos recursos tecnológicos e possibilidades pedagógicas para este momento.

O grupo de professores está aberto e disponível, permitindo-se EXPERIMENTAR sem medo de errar.  Percebemos que são muitas as conquistas até o momento. Acreditamos que já superamos o EMERGENCIAL, estamos na fase do Ensino Remoto INTENCIONAL. Enquanto Escola, desejamos continuar desenvolvendo os objetos de conhecimento, com compromisso e responsabilidade, sempre associados e amparados pela nossa proposta pedagógica.